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Ezra Miller sobre "As Vantagens De Ser Invisível", Tim Curry e o poder de chamar a si mesmo de “queer”.

Posted on quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

As Vantagens de Ser Invisível do autor Stephen Chbosky está entre os livros mais conhecidos e adorados da Geração Y, aquele livro verde limão onipresente, que fala sobre a amizade no ensino médio e de auto-descoberta. Já que Chbosky mesmo escreveu e dirigiu a recente adaptação para o cinema de Perks, que sai em DVD hoje, não surpresa nenhuma que o calor e a força do seu romance epistolar realmente ganhem vida na tela grande. O que é um pouco mais surpreendente é a precisão absoluta a nseleção de elenco: Logan Lerman é perfeito como o consciente, mas perturbado Charlie; Emma Watson é amável como sua nova amiga Sam; mas o melhor de todos, Ezra Miller é maravilhoso como o engraçado, carismático e imitador de Dr. Frank-N-Furter, personagem gay Patrick.




Miller foi provocativo na tela como o adolescente psicopata do titulo de “Nós precisamos falar sobre Kevin” e como filho de Ellen Barkln em “Bastidores de um casamento”, mas em Perks, como Patrick ele é atrevido e faz o que quer. Você conhece esse tipo garoto. Ele é tanto um gregário quanto um pouco irritado, e Miller interpreta-o com o que parece ser uma facilidade maravilhosa. Na verdade, ele é tão bom que eu pedi que ele interpretasse mais personagens gays no futuro muito próximo. Então lá vai.

Nós conversamos com Miller para discutir o seu trabalho no filme, o que surpreendeu a ele sobre seus colegas de elenco, e as alegrias e confortos de se identificar como "queer".

AfterElton: Perks é um filme tão bom. Eu assisti três vezes. A sua percepção do filme mudou desde seu lançamento?
Ezra Miller: E só o vi uma vez. Você, na verdade, está dois à frente de mim. Ele cumpriu e superou as minhas expectativas do que eu pensei que este filme poderia ser a tal enorme ponto que não tem sido realmente uma evolução ou um arco de como vejo o filme. Houve uma continuidade muito agradável, especialmente ao ouvir as pessoas - especialmente as crianças - reagir a este filme de uma maneira que tão parecida com a minha reação ao livro quando eu tinha essa idade. Tudo tem sido muito maravilhoso. E não mudou. Minha percepção do por que e do que a historia é, pra mim é tão pessoal e tão íntimo, é tão universal e compreensível, que ainda é muito verdadeiro para mim. Com o filme, por eu ser tão ligado a ele - eu quero dizer, meu rosto esta nele – essa foi a única alteração. Eu ainda sinto o mesmo sobre Stephen e a história como eu fiz quando eu tinha 14 anos.

AE: Não há nenhum ponto neste filme que eu pense “Ezra Miller não está se entregando completamente” Patrick é um personagem animado, e você realmente o energiza. Foi cansativo interpretá-lo?
EM: Eu acho que é algo um pouco difícil ao interpretar alguém que é tão constantemente animado, da mesma forma que você descreveu. Isso é complicado. Para interpretar a habilidade maníaca de Patrick de estar constantemente ser a vida da festa, e que essa extensão maníaca só poderia ser, em muitos pontos certos na trama, onde, para mim, ser tão loucamente alegre e divertido o tempo todo seria um sinal de que algo terrível estaria para acontecer. Você sabe o que eu quero dizer? Como um acidente ao virar da esquina? Era importante que isso, na verdade, se mostrasse apenas em alguns pontos específicos no arco da história, para nós sentirmos isso. O resto do tempo, ele é genuíno, sabe? Ele é uma força de vida verdadeira. É complicado capturar isso, porque eu posso não ser tão constantemente entusiasmado. [Risos.]

AE: Ele é um personagem muito físico, muito mais do que o seu papel em Precisamos Falar Sobre Kevin e, presumivelmente, mais do que o seu próximo papel na nova adaptação de Madame Bovary. Foi uma experiência única, ser tão físico no filme?
EM: Na verdade, a fisicalidade de um personagem é geralmente a primeira coisa que eu penso. Mesmo com Kevin, do jeito assustador de erguer seus ombros era como uma espécie de ponto de partida para mim. Acho que encontrar o corpo do personagem liga-se a todas as outras partes da desconstrução necessária para então reconstruir e interpretar um personagem. Definitivamente, em termos de pular e dançar, eu espero que não seja uma experiência única para mim! É uma grande dose de divertimento. Eu adoraria ser capaz de dançar e pular em alguns outros filmes. Mas sim, foi definitivamente uma alegria. Ele é definitivamente o mais físico que eu já interpretei.

AE: Patrick é um grande fã de The Rocky Horror Picture Show. Você tem obsessões por filmes cult?
EM: Ah, sim, sim, sim. Eu tenho um monte desses. Em termos de filmes cults, especificamente, eu sou um grande fã de - eu não poderia atuar este filme, porque é em japonês - mas o muito cult Suicide Club, que é, na verdade, sobre um culto. Esse é um dos meus favoritos. Rocky Horror Picture Show é um dos meus filmes favoritos cults, na verdade. Eu vi esse filme quando eu era muito jovem, e isso me marcou de uma maneira permanente. É uma cicatriz que eu estimo, é um dos filmes que eu fui capaz de usar a meu favor na minha carreira profissional. Eu sou um grande fã de Tim Curry. Eu realmente não posso falar altamente o suficiente do Sr. Curry. Ele é um herói pessoal meu.

AE: Sim! Eu sou um homem Clue.
EM: Ah, sim. Oh, eu já vi Clue. Muitas vezes. Essa é a coisa, cara. Tim Curry domina. Tim Curry é o rei do cult, o líder da seita. Sua voz potente sabe? Muitos o seguem. Ele é como o flautista.

AE: Quando eu li suas entrevistas, você parece tanto... Compulsivamente introvertido e compulsivamente extrovertido? Você é cerebral e articulado, mas também é social e super curioso.
EM: Eu te deixei com a impressão de ser bipolar. [Risos.] Eu não posso me expressar exatamente, por isso que eu entendo o que você acabou de dizer, mas, sim! Sim, sim, sim. Talvez eu seja extrovertido, mas introspectivo? Talvez essa seja a melhor maneira de colocá-lo. Eu diria que você já adquiriu alguma verdade nisso.

AE: Então, minha pergunta é: Será que você se relaciona com muitas pessoas no negócio?
EM: Bom, particularmente, eu amo o jeito que todo mundo neste tipo de indústria tem seu próprio estilo. Não existem regras definidas, por si só, de como você vai fazer sobre isso. No final, é como o que está acontecendo agora: duas pessoas tendo uma conversa ao telefone. Eu poderia não dizer nada. Eu acho que um monte de atores torna-se muito conscientes de que as idiossincrasias de como todo mundo faz seu trabalho são do tipo de coisa que faz todo esse circo louco ser assim infinitamente divertido.

AE: Este filme traz aos seus colegas atores uma série de momentos emocionais. Será que seus colegas de elenco, muitas vezes o surpreenderam com o que eles trouxeram para a tela?

EM: Todos os dias. Eu fiquei pasmo com os outros membros do elenco neste filme todos os dias. Quero dizer, não apenas no trabalho que eles estavam trazendo para a mesa do filme, mas depois também ao descobrir cada um deles como seres humanos. Descobrir o Logan é bom no piano, ou como Mae Whitman é o ser humano vivo mais engraçado. Essas descobertas. Descobrir que Johnny Simmons é um dos mais profundo pensadores que eu já conheci, eram surpresas constantes, para mim, vindas desses caras. Todo mundo surpreendia um ao outro, e acho que ainda se surpreendem, cada vez que eu os vejo. Há todo um novo lado nestes seres humanos. O que acontece é que Steve escolheu estes atores com incrível profundidade. Ele estava realmente tentando encontrar maravilhosos seres humanos para ser uma parte da história, e ele fez exatamente isso.

AE: Stephen Chbosky escreveu o livro As Vantagens de Ser Invisível mais de uma década atrás, e ele o dirigiu no filme. Eu suponho que as suas instruções para trazer Patrick para a vida foram muito específicas.
EM: Você sabe, eu acho que Steve conheceu esses personagens por tanto tempo em sua cabeça. Ele os tinha em sua cabeça por anos e anos e anos antes de fazermos este filme. Geralmente as notas que vieram com ele foram mais no sentido da preservação da sua visão do personagem. Como, talvez eu estivesse fazendo algo louco e novo para o personagem, que não estava ressoando como o personagem que ele criou. Essa foi a direção que as notas dele tomaram nos dias em que estavam fazendo o filme. "Eu acho que isso é mais Patrick, na verdade, se você pudesse diminuir um pouco isso, ou aumentar um pouco disto". Não era uma experimentação tão selvagem, porque experimentar descontroladamente um personagem já selvagem e surpreendente e emocionante?


AE: Você rotineiramente se refere a si mesmo como "queer", o que eu amo. É uma palavra antiga, mas é uma espécie de nova forma de auto-identificação.
EM: É verdade! E é uma forma diferente de cultura LGBT, com certeza. É ainda mais desafiador que aquelas letras. É maravilhosamente abrangente. Eu adoro. Eu adoro tudo sobre essa palavra. Eu acho que é incrivelmente útil, assim como nós nos dirigimos para uma era de menos discriminação e mais aberta a esse espectro de gênero humano e sexualidade. Eu acho que é bom para nós ter uma palavra que não é tão definitiva, em última análise, que deixa espaço para que as pessoas estar sempre se descobrindo e explorando quem eles são como um ser amoroso.


AE: É desafiador essa auto-atribuição, eu acho, mas ainda se alinha em camaradagem com "LGBT".
EM: Bem, certo. É engraçado quão rapidamente os padrões heteronormativos entraram na cultura gay convencional. Eu acho mesmo que já fizemos um ciclo extremamente produtivo de abrir brechas nos direitos humanos nesta área específica, eu acho que há toda uma nova reciclagem que tem que acontecer.

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